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Fim das férias escolares impõe controle do sono das crianças pelos pais
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Liberado. É assim que boa parte dos pais age com o dormir e acordar das crianças durante o período de férias. Fora do calendário de aulas e de outros compromissos estudantis, em geral, são os pequenos quem dão o ritmo diário das atividades. Inclui-se ao videogame, o uso de celulares, tabletes, TV, além de outras brincadeiras. Ações sem horário regrado e que podem virar a madrugada.
Se o dormir pouco já prejudica qualquer pessoa, no público infantil o dano é ainda pior, impactando inclusive no crescimento. Para que essa quebra de rotina também não vire um problema no reinício letivo, os pais devem ficar atentos a alguns cuidados, como voltar a impor horários do sono pelo menos uma semana antes do final das férias.
Sofia Souza Velozo, de 7 anos, está no que chama de paraíso. Não larga os eletrônicos e demora horas na frente da TV desde que chegou para as férias na casa da tia Verônica da Silva, 47. “Temos deixado ela bem à vontade. Não tem essa de hora para dormir, pelo menos nas férias”, contou a tia.
A liberdade foi repassada pelos pais da menina, que moram no Rio Grande do Norte, mas só deve durar até agosto. “Na casa dela tem horário para tudo e quando começarem as aulas vai ter hora para dormir, sim. Na época normal ela não fica acordada depois das 21h. E também no período escolar ela não poder ficar usando o celular ou tablet”, disse.
Na família do engenheiro Arthur Carvalho, 38 anos, o mês de julho também é sem rigidez com os horários do sono. “Eu e minha esposa liberamos o horário de dormir de Maria Júlia, de 6 anos, nas férias. Época de aula, 19h30 ou 20h, ela já esta na cama. No tempo de férias ela fica de 21h30 a 22h, ou até mais tarde, acordada. Acho até melhor porque aproveito mais tempo com ela após chegar do trabalho. Férias são férias”, disse. Segundo ele, uma semana antes do retorno escolar, a família vai reduzindo as noites prolongadas de brincadeira.
A fisioterapeuta especialista em sono e coordenadora do Durmabem, programa da Interne Soluções em Saúde, Lidiane Santana, comentou que realmente é muito difícil disciplinar a dormida dos pequenos durante todo este período. De acordo com ela, o ideal é trabalhar o retorno à rotina uma ou duas semanas antes da volta às aulas, como faz o engenheiro Arthur. “Fazer isso nessa fase final de férias já é um ganho, porque vai arrumando o relógio biológico e a criança sofrerá menos”, contou.
A especialista aproveitou para explicar que, nos meninos e meninas, a necessidade do sono de qualidade e na quantidade certa (de nove a 12 horas por noite) é responsável pelo desenvolvimento físico e mental, por isso deve ser respeitado e praticado. “Para qualquer pessoa a função mais importante do sono é a regulação hormonal. Nas crianças, como elas estão ainda se desenvolvendo, isso é ainda mais impactante. Se elas não dormem, o GH (hormônio do crescimento) não é sintetizado corretamente. Podem crescer menos, e os ossos podem não atingir a expectativa ideal. Segundo alguns estudos, as crianças que dormem bem, comprovadamente têm até mais neurônios e, portanto, mais capacidade de desenvolvimento da inteligência do que uma criança com distúrbio de sono”, detalhou.
A coordenadora do Durmabem chama a atenção dos pais sobre os próprios hábitos e como isso pode ser replicado nos filhos. “Hoje, a rotina das crianças está muito relacionada à dos adultos. Muitas das crianças só veem os pais à noite. Então existe uma ansiedade também de convívio. Dizer para elas ir dormir às 19h implica, às vezes, não ver os pais. Pode-se no dia a dia dar um desconto (no horário de ir para cama), mas um desconto pequeno, senão acaba prejudicando o somatório das horas de descanso dos pequenos”, indicou.